domingo, 30 de novembro de 2014

Educa.com - 30.11.2014 - Dilme Pede sugestões; Conae 2014 aponta soluções

DILMA PEDE SUGESTÕES; CONAE 2014 APONTA SOLUÇÕES
A presidenta Dilma Rousseff (PT) pediu sugestões na abertura da Conferência Nacional da Educação (Conae). E elas saíram. Os 2,6 mil delegados que participaram do evento trabalharam durante quatro dias (de 19 a 23) para aprovar importante documento com várias propostas para se chegar ao acesso da população brasileira à educação pública, gratuita, laica, de qualidade e que considere a diversidade racial, de gênero e de acessibilidade do país. Em busca do ambicioso objetivo, o encontro se dividiu por sete eixos temáticos, chegando a um conjunto de propostas para a melhoria do setor. A Conae aprovou como pilares centrais a instituição do Sistema Nacional de Educação (SNE) incluindo nele a regulamentação da educação privada sob as mesmas exigências da educação pública; a implantação do Custo Aluno-Qualidade (CAQ, que determina um valor mínimo a ser investido por estudante); a gestão democrática e transparente. O presidente do Sindemu Adislau Leite foi um dos delegados e avaliou o encontro como muito positivo: “A expectativa é de que as propostas aprovadas na Conferência sejam respeitadas pela Câmara Federal, Senado e pela Presidenta Dilma”. Na foto, Adislau com delegadas do movimento indígena no Conae.

CONAE exige regulamentação do Caqi até maio de 2015 e 100% dos minérios O recado do Conae ao Congresso foi claro: destinação de 100% dos Royalties e do Fundo Social do Pré-Sal para a educação, 100% das participações e da exploração de minérios, além da regulamentação do Custo Aluno Qualidade Inicial (Caqi) até maio de 2015. O Caqi deve ampliar cerca de R$ 37 bilhões em 2016 o repasse da União para garantir os padrões mínimos de qualidade da educação básica nos Estados e Municípios. Também foi aprovado que a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) não deve ser aplicada na educação. Pois, caso contrário, não se conseguirá a valorização dos profissionais da área. E ainda a ampliação do investimento feito por Estados e Municípios de 25% para 35% das receitas e que o dinheiro público deve ir para educação pública (e não para as parcerias públicas privadas - PPP). Fontes: Contee, RBA e Campanha Nacional pelo Direito à Educação

Diário de Classe: Compromissos feitos Em dois momentos importantes da Conferência, assumi compromisso com a presidente da Ubes, Bárbara Melo de contribuir para a divulgação da UBES na Rede Municipal, em especial junto aos alunos, conscientizando-os para a garantia de direitos elementares da Educação Básica. Em outro encontro cumprimentei o secretário de Educação da ABGLT pela contribuição e participação efetiva do movimento na Conae. Reafirmei com ele a disposição do sindicato para combater todas as formas de racismo e preconceitos. Adislau Leite, presidente do Sindemu.

CONJUNTURA
g ONU diz que Brasil é referência latino-americana em agricultura familiar - Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário, a agricultura familiar representa aproximadamente 25% da área de propriedades agropecuárias no Brasil. Leia.
g Indústria de armas financiou 21 parlamentares eleitos em outubro  Mais de 70% dos candidatos que receberam legalmente doações de campanha da indústria de armas e munições se elegeram em outubro. Dos 30 nomes beneficiados pelo setor, 21 saíram vitoriosos das urnas: são 14 deputados federais e sete deputados estaduais. Leia.
g Impostos sobre heranças são ‘particularmente baixos’ no Brasil, diz Piketty Para autor de O Capital no século XXI, é preciso taxar os ricos para reduzir desigualdade. Leia.

REDE PARTICULAR
Professores aprovam pauta e 1ª negociação será no dia 8 Em duas assembleias participativas em Uberaba e Araxá (dias 22 e 25), os professores da rede particular aprovaram a pauta de reivindicação da campanha salarial 2015. Destaque para as propostas Unificação do piso estadual do ensino superior, extraclasse de 1/3 da jornada (igual da rede pública) e valorização da pós-graduação. O reajuste reivindicado é de 9% (INPC + variação do PIB 2013) somado ao cálculo do aumento das mensalidades escolares em 2015. A primeira negociação com o sindicato patronal já foi marcada para o dia 8 de dezembro. “Tivemos uma participação efetiva e estamos acreditando na maior mobilização da categoria em 2015”, ressalta o diretor regional do Sinpro, Marcos Gennari.

Raspando o tacho: Governo de Minas se apropria de recursos do Ipsemg No apagar das luzes da administração tucana em Minas Gerais, o governador Alberto Coelho (PP) transferiu, via decreto, quase R$ 250 milhões do fundo de saúde dos servidores públicos para o caixa único do estado. “Esta é mais uma ação que mostra que os tucanos estão limpando os cofres do estado antes de entregar o governo ao PT”, afirma o vice-líder do PT na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (AL-MG), deputado Rogério Correia. O montante de cerca R$ 250 milhões corresponde à contribuição de 3,2% para a assistência médica do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), descontada diretamente no contracheque do funcionalismo público. O Ipsemg beneficia quase um milhão de pessoas, entre servidores e dependentes, em sistema de coparticipação. A destinação da contribuição estava prevista no decreto 39.874/2008, alterado por decisão individual do governador, manifesta no decreto 46.649/2014, publicado no Diário Oficial de Minas na última quinta (20).  Agora o valor que deveria ser aplicado na saúde do servidor pode ser utilizado para quaisquer outros fins. Fonte: Carta Maior

EDITORIAL
As pessoas estão aprendendo menos fora da escola - A escola tem um papel importante na formação das pessoas. Porém, limitada. Pesquisadores buscaram “medir” esse alcance e chegaram à seguinte conclusão: a escola influencia menos de 40% na personalidade e conhecimentos das pessoas. Mas de onde viria o resto? Tão importante quanto a escola na formação das pessoas, temos a família. Não é preciso explicar muito que os pais estão mais ausentes (pai e mãe hoje trabalham) e os encontros familiares são pobres e individualistas. Na maior parte do tempo é cada um no seu canto. As famílias também estão diferentes. Faltam irmãos e estrutura definida em muitos lares. Outro importante instrumento de formação é a igreja. No meio da conjuntura atual, a igreja (de modo geral) diminuiu sua influência nas pessoas. Quando chega nelas é de modo superficial, educando de modo reduzido e emocional. No cinema e na TV atuais, a qualidade caiu. Pesa mais a imagem, o marketing e ibope do que histórias boas que ajudam a dar exemplos. Os encontros na rua desaparecem (com exceção da periferia). Nem no condomínio sabe-se direito que mora ao lado. Fala-se muito (no modo eletrônico), mas pouco se dialoga. O trabalho é cada vez mais individualizado. As pessoas participam pouco (ou sem compromisso) de entidades socioculturais. Tudo isso pesa para que as pessoas aprendam menos. Enfim, fazendo esse pequeno giro reflexivo percebe-se que não se pode culpar ou parabenizar as escolas (e muito menos os professores) pela situação dos alunos, como se faz hoje. Anízio Bragança Júnior, artigo do Jornal Expresso

REDE ESTADUAL

Concurso: Uberaba e Uberlândia não têm vagas para professor e supervisor - A Secretaria Estadual de Minas Gerais publicou edital de concurso para preencher 17.630 postos em todo o Estado. Profissionais de níveis médio/técnico podem se candidatar ao posto de assistente técnico de educação básica (99 vagas) com subsídio de R$ 1005 (nenhum outro benefício). Já os graduados podem optar por uma série de oportunidades em diversas áreas da educação. Há ofertas para os cargos de especialista em educação básica nos setores de orientação educacional (369) e supervisão pedagógica (770). Para a ocupação de professor de ensino básico – PEB I, o concurso oferece postos nas áreas: anos iniciais do ensino fundamental (991), artes (794), artes cênicas (18), artes plásticas (17), biologia/ciências (1186), educação física (955), filosofia (261), ensino religioso (8 + 1648), física (910), geografia (866), história (831), espanhol (36), inglês (1726), língua portuguesa (1481), matemática (1442) química (635), e sociologia (385). Neste montante não há vagas em Uberaba e Uberlândia, mas foram abertas foram centenas de vagas nas cidades vizinhas da região. Ainda para PEB I, há chances para a área específica de música, intérprete de libras (384) e sala de recursos (625). Para os professores e especialistas em educação, o subsídio oferecido é de R$ 1.455,30 para 24 horas semanais. As inscrições vão de 10 de janeiro a 11 de dezembro. Fonte: Uol . NOTA EXPLICATIVA DO EDUCA.COM As vagas que surgirem em Uberaba (inclusive o dos ex-efetivados) serão ocupadas por aprovados no último concurso, cuja validade foi prorrogada por mais dois anos.


Governo quer terceirizar cargo de auxiliar da educação básica - O governo de Minas encaminhou à Assembleia Legislativa o projeto de lei 5.591/14, que altera o Plano de Carreira da Educação. De acordo com o projeto, não haverá mais ingresso na carreira de Auxiliar de Serviços da Educação Básica nem designação para o cargo, cujas funções serão terceirizadas. O momento de envio do projeto à ALMG coincide com a prática vigente até hoje de, ao pagar das luzes, trazer perdas aos trabalhadores da administração direta estadual mineira, com justificativas de redução de custos. O governo de Minas coloca milhares de trabalhadores da educação, reconhecidos como educadores pela Lei Federal 12.014/10, na porta da amargura. Parte significativa dos Auxiliares de Serviço está próxima da aposentadoria e serão, se o projeto for aprovado, colocados na rua.  Ainda que se possa falar de "reaproveitamentos” pelas empresas, muitos não ficarão com contrato renovado. É preciso destacar que a defendida “redução de custos”, justificativa para a terceirização torna-se letra morta, haja vista que o custo do servidor terceirizado é mais caro. Fonte: SindUte.



quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Educa.com - 20.11.2014 - Sinpro: Assembleia sábado abre a campanha salarial



SINPRO: ASSEMBLEIA SÁBADO ABRE A CAMPANHA SALARIAL

Os professores da rede particular darão início à campanha salarial 2015 neste sábado às 9 horas na sede do Sinpro em Uberaba. Em assembleia, os trabalhadores vão apreciar a pauta de reivindicações da categoria a ser enviada ao sindicato patronal. As principais reivindicações são: aumento real, extraclasse de 33,3% da jornada (hoje 20%), reconhecimento da pós-graduação, equiparação do piso da educação básica e unificação estadual do piso da educação superior. “O mais importante é estabelecermos estratégias para melhorar nossa capacidade de mobilização”, aponta o diretor regional do Sinpro, Marcos Gennari. O encontro também definirá a renovação de bolsas de estudo.


DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

Em 11 dias, 15 mil assinam pelo fim da violência contra juventude negra Lançada há 11 dias pela Anistia Internacional Brasil, a campanha ‘Jovem Negro Vivo’ já reúne 15 mil assinaturas de apoio. O documento reivindica que as autoridades brasileiras assegurem aos jovens negros o direito a uma vida livre de violência, investindo em políticas integradas de segurança pública, educação e trabalho. De acordo com o Mapa da Violência – pesquisa baseada em dados oficiais do Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde –, 82 jovens com idades entre 15 e 29 anos são mortos por dia, sendo 77% deles negros, moradores de periferias e regiões metropolitanas. “Além de ser um país com um dos maiores índices de homicídios no mundo, o Brasil está matando mais seus jovens e, entre estes, os negros. Os números são chocantes. A indiferença com a qual o tema é tratado na agenda pública nacional é inaceitável. Está fora das manchetes dos jornais. Parece que a sociedade brasileira naturalizou esta situação”, afirmou Atila Roque, diretor executivo da Anistia Internacional Brasil, durante o lançamento da campanha, dia 9 no Rio de Janeiro. Fonte: Rede Brasil Atual


Diário de  Classe: Por uma consciência negra! Mesmo com atenções voltadas
para a Conferência Nacional da Educação (que participo até domingo), deixei registrado a importância do dia 20 de novembro. Embora não muito clara para alguns, as estatísticas do país mostram o quanto a inspiração de “zumbi dos Palmares” ainda é necessária para enfrentar a desigualdade racial no país. Num país onde a população negra ou parda chega a 53% do total e num Congresso onde 80% se declaram brancos, dá para imaginar os desafios que temos por um Brasil democrático e acolhedor. Adislau Leite, presidente do Sindemu. Sugiro que assistam o vídeo:   http://youtu.be/evuwQ8qa5nA?list=UUbfKFRaN-UgpjdrwlNTHYxg.

CONJUNTURA
g Políticas afirmativas ampliaram acesso ao trabalho, mas racismo permanece - Embora a diferença tenha diminuído, os negros seguem mais presentes do que os não negros em ocupações não regulamentadas. Também existem mais negros entre assalariados sem carteira de trabalho assinada no setor privado. Leia.

g  Jovem negro nasce com “plano traçado”, diz rapper sobre violência e racismo – O diagnóstico sobre a juventude negra se confirma em números. Segundo o Mapa da Violência 2014, das 56.337 pessoas vítimas de homicídio no país em 2012, 30.072 eram jovens. Desse total, 23.160 eram negros. Leia.

g  Emenda que destina mais R$ 5 bilhões à educação é aprovada em comissão do Senado - A Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado (CE) aprovou emenda ao projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2015 que aumenta em R$ 5 bilhões o investimento nas escolas públicas. Leia.

Conferência Nacional debate cumprimento do Plano Nacional de Educação
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Por meio da Conferência Nacional de Educação (Conae), que começou no dia 19 em Brasília, entidades e representes eleitos em todo o país tentam garantir o cumprimento do Plano Nacional de Educação (PNE). Até domingo (23), os participantes debatem o documento-base já debatido e melhorado nas conferências estaduais e distritais. Um dos principais itens em destaque é o da criação do Sistema Nacional de educação, que deverá ser criado até 2016. Será ele o responsável pela articulação entre os sistemas de ensino, em regime de colaboração, para efetivação das diretrizes, metas e estratégias do PNE (leia mais sobre o tema aqui). Para o presidente da Conferência Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Leão, são três os pilares que garantirão um salto na qualidade da educação brasileira: a valorização dos profissionais, o financiamento e a gestão democrática. A CNTE inclusive marcou manifestação pelos planos educacionais e valorização dos educadores na Conae. Com informações da Agência Brasil e CNTE.


CONAE: Implantação do Custo Aluno Qualidade é um dos desafios Mais de 4 mil pessoas entre delegados, observadores e jornalistas participam até o dia 23 da IIª Conae (Conferência Nacional de Educação), em Brasília. A maior parte dos movimentos e organizações da sociedade civil aponta como prioridade na Conferência, a regulamentação do CAQi (Custo Aluno-Qualidade Inicial). CAQI DEVE SER APROVADA NA CONAE - Após a inclusão do CAQi (Custo Aluno-Qualidade Inicial) e do CAQ (Custo Aluno-Qualidade) no PNE (Plano Nacional de Educação), agora é a hora de lutar pela sua implementação. De acordo com o texto sancionado, o Brasil deve regulamentar o CAQi até 2016. Estima-se que a medida representará um aporte de mais de R$ 37 bilhões da União para a educação nos estados e municípios. O CAQi inverte a lógica de financiamento da educação básica no país ao determinar os insumos que todas as escolas públicas devem dispor para oferecer uma educação pública, gratuita e de qualidade, como por exemplo, turmas com o tamanho adequado, formação continuada para os educadores, salários e carreira condignos para os profissionais, instalações, equipamentos, laboratórios, bibliotecas, quadras poliesportivas, materiais didáticos, etc. Com informações da Campanha Nacional pelo Direito à Educação

EDITORIAL
Com psicologia, a educação pode ganhar ênfase humanista - Noções básicas de psicologia têm importância imensa no trabalho dos professores. Mas hoje, grande parte dos cursos de licenciatura (como os da UFTM) não tem o estudo. Uma pena, pois o bom professor somente terá êxito na aprendizagem se souber como funcionam os comportamentos motores, de inteligência, e emocional dos alunos. Predominando hoje nas gestões escolares está uma ideologia conservadora que reforça o conceito tradicional antigo de que a psicologia serve apenas para ajustar o aluno ao sistema. No entanto, a realidade é outra e mostra uma diversidade de complexidades a enfrentar na sala de aula. E pela psicologia revela-se que o professor tem um papel social a cumprir. Visto pelo psicológico, os seres humanos em estudo (os alunos) são muito mais do que objetos a serem moldados. Diante deles movem-se sonhos, culturas, desejos, necessidades, identidades históricas e sociais. Por essa realidade deve se mover o ensino. Embora os “donos do conhecimento” entoam que a realidade deve se ajustar ao ensino. As abordagens psicológicas ajudam a entender a diversidade de princípios que orientam as estratégias de ensino, bem como suas possiblidades de interação em função de uma aprendizagem mais significativa. Uma educação precisa considerar os seres que a praticam (alunos e professores). Deve promover um diálogo verdadeiro entre estes sujeitos. Só assim teremos chance de ter uma humanização nas atividades diárias do setor. Artigo do Jornal Expresso.

OAB e CNBB comandam campanha pela reforma política democrática - A
coalizão, composta por mais de cem entidades representativas da sociedade civil, entre as quais a OAB, CNBB, UNE, Ubes, CUT, CTB, Contag, apresenta ao povo o projeto de iniciativa popular que propõe, entre outros pontos, o fim da influência do poder econômico e o barateamento das campanhas eleitorais, a extinção do financiamento por empresas ou adoção do financiamento democrático de campanha, através do financiamento público e da contribuição do cidadão, não ultrapassando 40% do financiamento público. As demais propostas estão descritas no manifesto. Para essa nova etapa da campanha, o manifesto convoca a mobilização no sentido de reforçar a coleta de assinaturas em defesa da reforma política democrática. O objetivo é chegar a 1,5 milhão, para entregar o documento ao Congresso Nacional. O texto convoca ainda a sociedade para a realização de debates da proposta com amplos segmentos, nas universidades, escolas, igrejas, sindicatos e outras entidades do movimento social. Fonte: Contee.

UFU: Alunos de artes visuais lançam material didático para o ensino de Arte - No dia 24 de novembro acontecerá o lançamento oficial do material didático "Liga dos Artistas", desenvolvido por alunos do curso de Artes Visuais da UFU. O material tem como autores: Felipe Menegheti, Gabriela da Silva Ferreira, Guilherme Marques Ferreira, Igor Alves Pelegrini, Lorena do Nascimento Dias e Suellen da Costa Vilela. O material visa oferecer auxílio às aulas de Arte dos ensinos fundamental e médio.  “Liga dos Artistas” visa oferecer suporte às aulas de Arte sobre a criação de personagens e produção de animação em stop motion. São 37 pranchas, divididas em três seções: Kolacor, Liga dos Artistas e Ânimus. Acompanhados de um manual de instruções e um DVD. O projeto é de autoria de seis formandos do curso de Licenciatura em Artes Visuais e foi desenvolvido durante as aulas de estágio. Fonte: UFU

Dermeval Saviani: A importância da 2ª Conferência Nacional de Educação

Em 2008 o MEC convocou uma Conferência Nacional de Educação – Conae para se realizar em 2010 tendo como tema central a construção do Sistema Nacional de Educação. A Conae foi proposta como uma série a realizar-se de quatro em quatro anos. Daí, a previsão da realização da 2ª Conae em 2014.

Por Dermeval Saviani*, especial para o Vermelho

Considerando que a Conae 2010 se realizou no momento em que se esgotava o prazo de vigência do Plano Nacional de Educação, este foi também incorporado resultando, daí, que a 1ª Conae pautou-se por esses dois grandes temas: Sistema Nacional de Educação e Plano Nacional de Educação.
De fato, a Conferência se constituiu numa enorme mobilização tendo contado com quase 4.000 participantes. Foram aprovadas na Plenária Final 677 propostas variando desde as “cotas raciais para ingresso nas universidades públicas” até os 10% do PIB para o financiamento da educação. No entanto, em relação aos dois temas centrais os resultados não foram animadores.
No que se refere ao Sistema Nacional de Educação estamos ainda marcando passo. É verdade que praticamente se removeu o obstáculo legal, sempre justificado por um suposto impedimento constitucional. Com a Emenda 59, de 2009, a expressão “sistema nacional de educação” passou a figurar na Constituição com a determinação de sua instituição por lei específica. Mas é preciso reiterar que essa questão não encontrou, ainda, um encaminhamento adequado.
No que se refere ao Plano Nacional de Educação, a Conae teria tido um impacto mais direto, uma vez que no final do ano de sua realização o governo enviou ao Congresso Nacional o projeto de PNE. Entretanto, esse projeto, que de certo modo frustrou as expectativas alimentadas com a Conae, foi aperfeiçoado pela Câmara dos Deputados, mas depois modificado para pior no Senado e, por ter sido alterado, teve de retornar à Câmara, o que ocorreu em 31 de dezembro de 2013. Isto significa que, se a 2ª Conae tivesse sido realizada em fevereiro de 2014, como estava previsto, os principais debates iriam girar em torno das medidas a serem tomadas para reverter o retrocesso ocorrido no Senado. No entanto, à última hora, o MEC transferiu sua realização para novembro. Com isso, ela irá acontecer nos próximos dias 19 a 23 deste mês, com o Plano Nacional de Educação já aprovado.
Consequentemente, o que cabe esperar desta II Conferência Nacional de Educação é uma forte retomada do foco na educação pública, cuja qualidade só pode ser assegurada pela instituição de um sólido sistema nacional de educação. No entanto, o tema central da II Conae já foi enunciado de forma imprópria, pois assim está formulado: “O PNE na Articulação do Sistema Nacional de Educação: Participação Popular, Cooperação Federativa e Regime de Colaboração”.
Ora, não é do plano que deriva o sistema; ao contrário, é sobre este que o plano se apoia. E, obviamente, não cabe ao plano articular o sistema, pois a articulação é um atributo inerente ao sistema. E os sete eixos em que se desdobra o tema central da Conae tratam de diferentes assuntos parecendo supor um entendimento satisfatório do significado do Sistema Nacional de Educação sobre o qual, entretanto, paira um desconhecimento mais ou menos generalizado. Assim, o que deve nortear o debate da Conae 2014 é a busca de maior clareza sobre o significado daquilo que queremos instituir avançando na compreensão da base de sustentação, da forma de organização e do conteúdo do Sistema Nacional de Educação. No “Cap. IV – Indicações para a construção do Sistema Nacional de Educação” do livro Sistema Nacional de Educação e Plano Nacional de Educação, que publiquei neste ano, desenvolvo esses aspectos que apresentarei sinteticamente nos itens seguintes deste artigo.

1. Por que é importante implantar o Sistema Nacional de Educação no Brasil?
A organização dos sistemas nacionais de ensino foi a forma que, a partir da segunda metade do século 19, os principais países encontraram para assegurar a todos os seus habitantes a instrução pública na forma do ensino elementar que, uma vez universalizado, permitiu-lhes eliminar o analfabetismo. Por meio de um sistema nacional foi possível garantir a toda a população uma educação com o mesmo padrão de qualidade permitindo, a cada cidadão, o acesso aos conhecimentos sistematizados representados pelo domínio do idioma nacional na sua forma escrita acrescido das noções elementares de aritmética e das ciências da natureza e da sociedade. Para ilustrar esse fato podemos considerar o caso da Itália.
Quando de sua unificação, em 1861, a Itália adotou uma lei geral de educação que manteve o ensino primário sob a responsabilidade dos municípios, aos quais cabia a manutenção das escolas e a admissão e pagamento dos professores, o que determinou um atraso considerável do ensino, à vista das grandes deficiências locais. Com esse tratamento dado à instrução popular a Itália chegou ao final do século 19 com metade de sua população analfabeta, numa situação semelhante à do Brasil na mesma época.
Mas ao longo do final do século 19 desenvolveu-se uma intensa campanha para colocar o ensino primário a cargo do governo central. A mobilização contou, inclusive, com o martírio da jovem professora cujo nome, emblematicamente, era Itália Donati que, vítima do mandonismo local, de assédio moral e sexual e da maledicência, encontrou no suicídio a recuperação de sua honra. Sua morte, em 1886, provocou grande comoção. O jornal “Corriere della Sera”, de Milão, denunciando as perseguições sofridas pelas professoras por parte da política local, liderou o movimento que em 1911 resultou na aprovação da reforma que colocou o ensino primário sob a responsabilidade do Estado Nacional, instalando-se o sistema nacional de ensino a partir do qual foi possível erradicar o analfabetismo.
Esse exemplo da Itália mostra a improcedência dos argumentos que, em nome da necessidade de se preservar as especificidades locais, se posicionam contra a instalação de um sistema nacional de educação no Brasil. A experiência italiana mostra o inverso. Diante da diversidade das situações locais, a organização do sistema nacional de ensino tornou possível a toda a população do país o acesso às formas de expressão escrita além de permitir, pelo aprendizado de uma língua comum, a comunicação entre todos os didadãos do país, antes separados por dialetos incompreensíveis entre si.
O caso italiano indica que a melhor forma de fortalecer as instâncias locais não é conferir-lhes autonomia deixando-as à própria sorte. A melhor maneira de respeitar a diversidade local é pela sua articulação no todo. O isolamento tende a fazer degenerar a diversidade em desigualdade, cristalizando-a pela manutenção das deficiências locais. Inversamente, articuladas no sistema, enseja-se a possibilidade de fazer reverter as deficiências, resultando no fortalecimento das diversidades em benefício de todo o sistema.
Por não ter até agora organizado seu Sistema Nacional de Educação o Brasil foi se atrasando e até hoje não eliminou o analfabetismo, problema que os principais países, incluídos nossos vizinhos Uruguai, Argentina e Chile, resolveram no final do século 19 instalando os respectivos sistemas nacionais.

2. Caráter federativo, unitário e público do Sistema Nacional de Educação

Contrariamente ao argumento de que a adoção do regime federativo seria um fator impeditivo da instituição de um sistema nacional de educação no Brasil, afirmo que a forma própria de se responder adequadamente às necessidades educacionais de um país organizado sob o regime federativo é exatamente por meio da organização de um sistema nacional de educação. Isso porque, sendo a federação a unidade de vários estados que, preservando suas respectivas identidades, intencionalmente se articulam tendo em vista assegurar interesses e necessidades comuns, a federação postula o sistema nacional que, no campo da educação, representa a união intencional dos vários serviços educacionais que se desenvolvem no âmbito territorial dos diversos entes federativos que compõem o Estado federado nacional.
Se o sistema pode ser definido como a unidade de vários elementos intencionalmente reunidos de modo a formar um conjunto coerente e operante, segue-se que o sistema nacional de educação é a unidade dos vários aspectos ou serviços educacionais mobilizados por determinado país, intencionalmente reunidos de modo a formar um conjunto coerente que opera eficazmente no processo de educação da população do referido país.
Vê-se, então, que se trata de unidade da variedade e não unidade da identidade. Portanto, contrariamente ao que por vezes se propaga, sistema não é uma unidade monolítica, indiferenciada, mas unidade da diversidade, um todo que articula uma variedade de elementos que, ao se integrarem ao todo nem por isso perdem a própria identidade; ao contrário, participam do todo, integram o sistema na forma de suas respectivas especificidades. Isso significa que uma unidade monolítica é tão avessa à ideia de sistema como uma multiplicidade desarticulada.
Em suma, trata-se de construir um verdadeiro sistema nacional de educação, isto é, um conjunto unificado que articula todos os aspectos da educação no país inteiro, com normas comuns válidas para todo o território nacional e com procedimentos também comuns visando a assegurar educação com o mesmo padrão de qualidade a toda a população do país.
O que cabe fazer é instituir um sistema nacional em sentido próprio, que não dependa das adesões autônomas e “a posteriori” de estados e municípios. Sua adesão ao sistema nacional deve decorrer da participação efetiva na sua construção. E não vale invocar a cláusula pétrea da Constituição referente à forma federativa de Estado com a consequente autonomia dos entes federados. Isso porque o sistema nacional de educação não é do governo federal, mas é da Federação, portanto, dos próprios entes federados que o constroem conjuntamente e participam, também em conjunto, de sua gestão.
Esse sistema, além de ser único, só pode ser público, pois o sistema se caracteriza por autonomia normativa e só o Estado tem legitimidade para baixar normas que obrigam a todos. Portanto, não há que transigir com os direitos de educar dos particulares trate-se das famílias, de associações, congregações religiosas, empresas ou outros tipos de entidades, enaltecendo-se a importância de sua contribuição. As instituições privadas, em suas diferentes modalidades, integrarão o sistema precisamente como particulares e é nessa condição que darão sua contribuição específica para o desenvolvimento da educação brasileira. Deve-se entender que quanto mais autenticamente particulares elas forem, melhor se tipifica sua contribuição própria. Portanto, não cabe travesti-las de públicas seja pela transferência de recursos na forma de subsídios e isenções, seja pela transferência de poder admitindo-as na gestão e operação do complexo das instituições públicas que integram o sistema.

3. A organização funcional do Sistema Nacional de Educação em regime de colaboração
Na construção do sistema nacional de educação deve-se implantar uma arquitetônica a partir do regime de colaboração entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios. É preciso quebrar a lógica atual hierarquizada que coloca cada nível de ensino sob a responsabilidade de cada instância federativa em sentido ascendente: os municípios com a educação infantil e o ensino fundamental, os estados com o ensino fundamental e o ensino médio e a União com as escolas técnicas e o ensino superior. Em lugar dessa responsabilização verticalizada, cabe fazer uma distribuição horizontal na qual cada ente federativo assume, em relação ao sistema como um todo, responsabilidades consentâneas com suas capacidades.
Nessa nova repartição os entes federativos concorrerão na medida de suas competências específicas. Assim, as normas básicas que regularão o sistema serão de responsabilidade da União, consubstanciadas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e no Plano Nacional de Educação, especificadas pelas medidas do Conselho Nacional de Educação. Os Estados e o Distrito Federal poderão expedir legislação complementar, adequando as normas gerais às particularidades regionais.
O financiamento do sistema será compartilhado pelas três instâncias, conforme o regime dos fundos. Assim, além do Fundeb cabe criar um Fundo de Manutenção da Educação Superior (Fundes). Se no caso do Fundeb a maioria dos recursos provém de estados e municípios cabendo à União um papel complementar, em relação ao Fundes a responsabilidade da União será dominante, entrando os estados em caráter complementar.
A formação de professores, a definição da carreira e condições de exercício não podem ser confiadas aos municípios. A própria LDB, pelo inciso V do artigo 11, os impede de atuar na formação de professores uma vez que poderão se dedicar a outros níveis de ensino além do fundamental “somente quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino”. Dado que a formação de professores ocorre, como regra, no nível superior e, transitoriamente, no nível médio, escapa aos municípios essa atribuição. Logo, as questões relativas ao magistério constituem matéria de responsabilidade compartilhada entre União e estados.
A responsabilidade principal dos municípios incidirá sobre a construção e conservação dos prédios escolares e sobre a inspeção de suas condições de funcionamento, além dos serviços de apoio como merenda, transporte etc. De fato, os municípios estão equipados para regular a ocupação e uso do solo. Quer se trate de moradias, de hospitais, de restaurantes, de igrejas e também das escolas o órgão municipal verifica se o projeto atende às características do tipo de construção à luz da finalidade que lhe caberá cumprir.
Em suma, o sistema nacional de educação integra todos os níveis e modalidades de educação com os recursos e serviços correspondentes organizados e geridos, em regime de colaboração, por todos os entes federativos. A repartição das atribuições não implica a exclusão da participação dos entes aos quais não cabe a responsabilidade direta pelo cumprimento daquela função. Eles participarão por meio de seus colegiados apresentando subsídios que venham a tornar mais qualificadas as decisões. E assumirão responsabilidades diretas nos aspectos que lhes correspondem por meio das Secretarias e Conselhos Estaduais e Municipais de Educação concorrendo para a maior eficácia da operação do sistema sem prejuízo do comum padrão de qualidade que caracteriza o Sistema Nacional de Educação.

4. A concepção orientadora do conteúdo do trabalho pedagógico no Sistema Nacional de Educação
Na estrutura curricular dos vários níveis de ensino a concepção que deve orientar o conteúdo do trabalho pedagógico no conjunto do sistema deverá ter como referência a forma de organização da sociedade atual. Isso significa que se deve abrir a caixa preta da chamada “sociedade do conhecimento”. Na verdade, a denominação “sociedade do conhecimento” não é apropriada para caracterizar a época atual. Melhor seria falar-se em “sociedade da informação”. Isso porque conhecimento implica a capacidade de compreender as conexões entre os fenômenos, captar o significado das coisas, do mundo em que vivemos. E hoje parece que quanto mais informações circulam de forma fragmentada pelos mais diferentes veículos de comunicação, mais difícil se torna o acesso ao conhecimento que nos permitiria compreender o significado da situação em que vivemos. Essa forma de sociedade apresenta-se como uma verdadeira caixa preta cujo conteúdo nos escapa inteiramente. Por isso digo que é necessário abrir a caixa preta da “sociedade da informação”. E isso só pode ser feito pelo trabalho pedagógico realizado sistematicamente nas escolas. É dessa forma que, diante do imenso mundo de informações que se abre a um simples clik no computador, os jovens poderão distinguir entre aquelas que são relevantes e irrelevantes, as que são verdadeiras e as que são falsas. Para isso a educação a ser ministrada deverá garantir a todos o acesso aos fundamentos e pressupostos que tornaram possível a revolução microeletrônica que está na base tanto dos mecanismos de automação que operam no processo produtivo como das tecnologias da informação que se movem nos ambientes virtuais da comunicação eletrônica.
Assim, além de tornar acessíveis os computadores pela disseminação dos aparelhos e em vez de lançar a educação na esfera dos cursos a distância de forma açodada, é preciso garantir não apenas o domínio técnico-operativo dessas tecnologias, mas a compreensão dos princípios científicos e dos processos que as tornaram possíveis. Se continuarmos pelos caminhos que estamos trilhando, não parece exagerado considerar que estão se realizando aquelas profecias dos textos de ficção científica que previram uma humanidade submetida ao jugo de suas próprias criaturas, sendo dirigidas por máquinas engrenadas em processos automáticos. Pois não deixa de ser verdade que, cada vez mais, nos relacionamos com as máquinas eletrônicas, especificamente com os computadores, considerando-os fetichisticamente como pessoas a cujos desígnios nós nos sujeitamos; e, sem conseguirmos compreendê-los, atribuímos a eles determinadas características psicológicas traduzidas em expressões que os técnicos utilizam para nos explicar seu comportamento, tais como: ele, o computador, não reagiu bem ao seu procedimento; ele é assim mesmo, às vezes aceita o que você propõe e às vezes não aceita; etc.
Nas condições atuais não é mais suficiente alertar contra os perigos da racionalidade técnica advogando-se uma formação centrada numa cultura de base humanística voltada para a filosofia, literatura, artes e ciências humanas à revelia do desenvolvimento das chamadas “ciências duras”. É preciso operar um giro da formação na direção de uma cultura de base científica que articule, de forma unificada, num complexo compreensivo, as ciências humano-naturais que estão modificando profundamente as formas de vida, passando-as pelo crivo da reflexão filosófica e da expressão artística e literária. É este o desafio que o Sistema Nacional de Educação terá de enfrentar. Somente assim será possível, além de qualificar para o trabalho, promover igualmente o pleno desenvolvimento da pessoa e o preparo para o exercício da cidadania.

5. A organização pedagógica do Sistema Nacional de Educação

Sobre a organização pedagógica proponho que se tome como referência o conceito do trabalho como princípio educativo que compreende três significados. Ou seja, o trabalho é princípio educativo na medida em que: a) determina, pelo grau de desenvolvimento social atingido historicamente, o modo de ser da educação em seu conjunto. Nesse sentido, aos modos de produção correspondem modos distintos de educar com uma correspondente forma dominante de educação; b) coloca exigências específicas que o processo educativo deve preencher, em vista da participação direta dos membros da sociedade no trabalho socialmente produtivo; c) determina a educação como modalidade específica e diferenciada de trabalho: o trabalho pedagógico. É este significado que está na base da concepção orientadora do trabalho pedagógico apresentada no item anterior.
Considerando o primeiro sentido, vemos que o modo como está organizada a sociedade atual é a referência para a organização do ensino fundamental. O nível de desenvolvimento atingido pela sociedade contemporânea coloca a exigência de um acervo mínimo de conhecimentos sistemáticos que inclui a linguagem escrita e a matemática, já incorporadas na vida da sociedade atual; as ciências naturais, cujos elementos básicos relativos ao conhecimento das leis que regem a natureza são necessários para se compreender as transformações operadas pela ação do homem sobre o meio ambiente; e as ciências sociais, pelas quais se pode compreender as relações entre os homens, as formas como eles se organizam, as instituições que criam e as regras de convivência que estabelecem, com a consequente definição de direitos e deveres. O último componente (ciências sociais) corresponde, na atual estrutura, aos conteúdos de história e geografia. Uma vez que o princípio do trabalho é imanente à escola elementar, no ensino fundamental a relação entre trabalho e educação é implícita e indireta. A escola elementar não precisa, então, fazer referência direta ao processo de trabalho.
Se no ensino fundamental a relação é implícita e indireta, no ensino médio a relação entre educação e trabalho deverá ser tratada de maneira explícita e direta. Intervém aqui o segundo sentido do conceito de trabalho como princípio educativo. Ao ensino médio cabe explicitar como o conhecimento (objeto específico do processo de ensino), isto é, como a ciência, potência espiritual, se converte em potência material no processo de produção. Tal explicitação deve envolver o domínio não apenas teórico, mas também prático sobre o modo como o saber se articula com o processo produtivo.
O horizonte que deve nortear a organização do ensino médio se expressa no conceito de politecnia entendido como o domínio dos fundamentos científicos das diferentes técnicas utilizadas na produção moderna. Esta é uma concepção radicalmente diferente da que propõe um ensino médio profissionalizante que entende a profissionalização como um adestramento em uma determinada habilidade sem o conhecimento de seus fundamentos e de sua articulação com o conjunto do processo produtivo. Também é diversa da polivalência tal como aparece no toyotismo com o objetivo de ajustar os trabalhadores à produção flexível.
Finalmente, à educação superior cabe a tarefa de organizar a cultura superior como forma de possibilitar que participem plenamente da vida cultural, em sua manifestação mais elaborada, todos os membros da sociedade independentemente do tipo de atividade profissional a que se dediquem.
Assim, além do ensino superior destinado a formar profissionais de nível universitário (a imensa gama de profissionais liberais e de cientistas e tecnólogos de diferentes matizes), formula-se a exigência da organização da cultura superior com o objetivo de possibilitar a toda a população a difusão e discussão dos grandes problemas que afetam o homem contemporâneo. Trata-se de uma proposta bem diversa da atual função da extensão universitária. Não se trata de estender à população trabalhadora, enquanto receptora passiva, algo próprio da atividade universitária. Trata-se, antes, de evitar que os trabalhadores caiam na passividade intelectual, evitando-se, ao mesmo tempo, que os universitários caiam no academicismo.

6. Conclusão: desafios e perspectivas da construção do Sistema Nacional de Educação no Brasil
Levando em conta as considerações que fiz nos artigos anteriores impõe-se a conclusão de que não cabe entender o Sistema Nacional de Educação como um grande guarda-chuva com a mera função de abrigar 26 sistemas estaduais de ensino, o do Distrito Federal, o próprio sistema federal e, no limite, 5.570 sistemas municipais de ensino, supostamente autônomos entre si. Se for aprovada uma proposta nesses termos, o Sistema Nacional de Educação se reduzirá a uma mera formalidade mantendo-se o quadro de hoje com todas as contradições, desencontros, imprecisões e improvisações que marcam a situação atual, avessa às exigências da organização da educação na forma de um sistema nacional.
Diferentemente dessa função meramente articuladora dos sistemas de ensino já existentes só faz sentido lutar pela construção e implantação do Sistema Nacional de Educação se se tratar de um sistema unificado, plenamente público, organizado e gerido por todos os entes federativos, sob coordenação da União.
Mas não será fácil seguir esse caminho. Contra o sistema nacional unificado prevalece seu entendimento como simples cobertura para a variedade dos ditos sistemas municipais e estaduais; contra o sistema público milita a força do privado com os mecanismos de mercado contaminando crescentemente a própria esfera pública. É assim que o movimento dos empresários vem ocupando espaços nas redes públicas via Undime e Consed, nos Conselhos de Educação e no próprio aparelho de Estado, como o ilustram as ações do Movimento “Todos pela Educação”. É assim também que grande parte das redes públicas, em especial as municipais, vem dispensando os livros didáticos distribuídos gratui¬tamente pelo MEC e adquirindo os ditos “sistemas de ensino” como “Sistema COC”, “Sistema Objetivo”, “Sistema Positivo”, “Sistema Uno”, “Sistema Anglo” etc. com o argumento de que tais “sistemas” lhes permitem aumentar um pontinho nas avaliações do Ideb, o que até se entende: esses autodenominados “sistemas” têm know-how em adestrar para a realização de provas, pois surgiram a partir dos Cursos Pré-Vestibulares que visavam treinar para passar nos exames de ingresso no ensino superior. É assim, ainda, que os recursos públicos da edu¬cação vêm sendo utilizados para convênios com entidades privadas, em especial no caso das creches, mas estendendo-se também a outras iniciativas, como o ilustram os casos recentes de parceria com o Instituto Airton Senna para avaliação em larga escala de habilidades sócio emocionais ou não cognitivas de crianças e jovens, oportunamente contestada em carta aberta da ANPEd; e a parceria entre a Capes e a Vale para a promoção do “Prêmio Vale-Capes de Ciência e Sustentabilidade”, que vem sendo contestado pelo Movimento “Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale”.
É necessário, enfim, um amplo movimento dos educadores tanto na Conae como em outros espaços visando aprovar, de forma insofismável, a implantação de um verdadeiro Sistema Nacional de Educação, isto é, um sistema unificado, organizado e gerido, em regime de colaboração, pelos entes federativos sob coordenação da União, convertendo os atuais sistemas municipais e estaduais em redes públicas integrantes do sistema nacional; um sistema verdadeiramente público, livre das pressões de mercado e da promiscuidade com as organizações privadas, no qual a rede das escolas particulares seja integrada pela sua adequação às normas estabelecidas no interesse maior da educação destinada a toda a população brasileira. E que os órgãos públicos do campo educacional, a começar pelo Ministério da Educação, Inep, Capes e Conselho Nacional de Educação, acolham e implementem em plenitude essa proposta.

Fontes: Este texto foi composto pela articulação de seis artigos encaminhados para publicação no Semanário “A Fonte”, de São Sepé – RS, entre os dias 15/11 e 27/12/2014.

*Professor Emérito da Unicamp, Pesquisador Emérito do CNPq e Professor Titular Colaborador Pleno do Programa de Pós-Graduação em Educação da Unicamp.
Do Portal Vermelho

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Educa.com - 14.11.2014 - Conae 2014 começa na quarta! Adislau é delegado de Minas



CONAE 2014 COMEÇA NA QUARTA! ADISLAU É DELEGADO DE MINAS

O presidente do Sindemu Adislau Leite segue na próxima quarta (19) para Brasília onde participa do evento mais importante da educação no país: A Conferência Nacional de Educação (CONAE). O evento reunirá 4 mil participantes entre delegados e observadores até o dia 23 para debater os desafios e traçar os rumos da educação brasileira.  O tema central é “O PNE na Articulação do Sistema Nacional de Educação: Participação Popular, Cooperação Federativa e Regime de Colaboração”. De Uberaba, apenas Adislau e a gestora da educação privada, Francisca Câmara vão integrar a representação oficial de Minas na Conferência Nacional. CONTRATAÇÃO NA PMU A Prefeitura de Uberaba abre de 24 a 28 inscrição para processo seletivo de professoras para os anos iniciais da ensino fundamental. O salário mensal continua nos baixíssimos R$ 848 (metado do piso nacional) para 24 horas de trabalho ainda sem pagamento pela preparação de aulas e estudo individual. Enquanto isso, o ano segue para o fim e nada da proposta do plano de carreira e do pagamento do extraclasse.

Diário de  Classe: Dia 18 encerro agenda de visitas em todas escolas e Cemeis Ao visitar os Cemeis Emerenciana Cardoso e Juscelino Kubitschek neste terça, estarei completando a agenda em 2014. Ao longo do ano estive dialogando com os educadores nas mais diferentes (e iguais) realidades educacionais (em breve vou descrever). Para mim, foi uma oportunidade de muito aprendizado. Ao ouvir a categoria podemos rever nossos conceitos e melhorar as ações e propostas do sindicato. Gostaria de destacar ainda que nosso vice-presidente, Bruno Ferreira da Silva (presidente do Conselho do Fundeb), esteve participando do Congresso Brasileiro de Direito Administrativo, em Foz do Iguaçu, debatendo problemas da Administração Pública. Adislau Leite, presidente do Sindemu.

CONJUNTURA
g Estudiosos veem elo entre escravidão e terceirização - Utilizada para cortar custos e tentar fugir das responsabilidades trabalhistas, a terceirização é vista como uma das principais causas da deterioração das condições de trabalho em diversos setores. E está intimamente relacionada ao trabalho escravo contemporâneo. Leia.
g  Em todo o país, movimentos realizam Dia Nacional de Luta pelo Plebiscito Constituinte - Em pelo menos 15 estados brasileiros aconteceram atos pela aprovação do Projeto de Decreto Legislativo que institui um plebiscito oficial. Organizações também querem reformas estruturais como urbana e agrária. Leia e ouça.
 
Minas tomava empréstimos para não contabilizar prejuízo nas contas Dados de estudo do Professor Fabrício Augusto de Oliveira, Doutor em economia e professor do curso de Pós-Graduação da Escola de Governo da Assembleia Legislativa de Minas mostra que empréstimos do governo camuflavam a real situação das contas do Estado. Em pelo menos oito anos dos governos Aécio e Anastasia (PSDB), os empréstimos transformaram “déficits” em “superávits” ou em contas “equilibradas”.  A medida provocou um endividamento brutal no Estado, problema repassado ao governador eleito Fernando Pimentel (PT). Para o estudioso da situação de Minas, “apesar dos tão alardeados superávits colhidos no conceito anterior, estes só teriam ocorrido em três anos – 2004, 2005 e 2008 -, quando excluídas as operações de crédito. Nos demais, predominaram os desequilíbrios, com o agravante de estes estarem se ampliando temerariamente a partir de 2009, tendo atingido o nível recorde – e espantoso – de R$ 6,823 bilhões em 2013”. Nos dados das despesas também não foram incluídos juros e amortizações da dívida do Estado com a União que não foram pagos. No Senado, Aécio vive criticando a revisão de meta do superávit fiscal do governo federal. Com informações do conversaafiada.com.br

Servidores públicos não concursados têm direito ao FGTS - Uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) abre brechas para que União, estados e municípios sejam obrigados a pagar o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) a todos os servidores contratados sem concurso público. Ao julgar o caso envolvendo uma ex-funcionária da Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem) do Rio Grande do Sul, os ministros definiram que os envolvidos nesse tipo de contrato têm direito não apenas ao salário pelo período trabalhado, mas aos depósitos e saque no FGTS em caso de demissão. A eles não é concedida, no entanto, a multa de 40% do fundo, que no setor privado é paga pelo empregador. Pela Constituição Federal, estados podem contratar funcionários sem seleção desde que seja em caráter emergencial e período determinado. No entanto, na prática, esses contratos são renovados por tempo indefinido – medida que foi considerada nula pelo STF, implicando na perda dos demais direitos trabalhistas para o empregado. Os ministros decidiram ainda que a regra terá repercussão geral, ou seja, será aplicada a todas as ações que tenham conteúdo semelhante. Fonte: Estado de Minas (ec.com.br)

EDITORIAL
No pacto do ensino médio residem as esperanças atuais de melhoria - Professores das escolas da rede estadual estão realizando um amplo projeto de formação continuada, denominado “Pacto Nacional pelo Fortalecimento do ensino médio”. Reside neste programa, uma das esperanças de alterações para melhor no setor, que é reconhecidamente o de maior dificuldade entre os níveis de ensino. O plano de formação do governo federal conseguiu casar de forma inédita o trabalho entre governos federais e estaduais, Capes e universidades do país. As atividades são desenvolvidas em unidades locais de ensino, promovendo debates e estudo das condições e realidades pertinentes à formação dos adolescentes. A lógica é similar ao que é desenvolvido no Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), que segundo informações preliminares tem propiciado bons resultados entre os educadores. No ensino médio, busca-se rever o papel da escola e seus conteúdos diante de um contexto de juventude totalmente nova nesta reta inicial o século XXI. O pacto propõe uma reforma curricular e no sistema de avaliação que seja definido pela base. Terá mérito nesta perspectiva ou será apenas uma forma de incluir os profissionais num debate técnico para aplicar uma receita já pronta? Isso só o futuro pode dizer. Em geral, os pactos em andamento têm reafirmado a necessidade de formação permanente qualificada, como uma parte reconhecida da profissão docente. Ou seja, integrada à jornada de trabalho como condição essencial para o trabalho da sala de aula. Anízio Bragança Júnior, artigo do Jornal Expresso.

Computador está de fora da sala de aula na maioria das escolas - A maioria das
escolas públicas do país (99%) tem computador e acesso à internet (95%), mas a tecnologia ainda não está na sala de aula. Os dados são da pesquisa TIC Educação lançada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI) por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic). Segundo a pesquisa, feita em 1.125 escolas em áreas urbanas e que ouviu estudantes, professores e diretores, em apenas 6% dos estabelecimentos os computadores estão instalados nas salas de aula e 85% nos laboratórios de informática. Em 30% das escolas o uso do computador acontece prioritariamente na sala de aula, mas por esforço dos educadores. “Porque ou professor ou a professora gentilmente leva o seu equipamento para a sala de aula”, ressaltou disse o assessor da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (Unesco), Guilherme Canela. . Diante desse fato, o assessor indagou como é possível construir uma escola da chamada educação do século 21 se “o computador está em uma outra sala, trancada com 53 cadeados?”
Fonte: Agência Brasil

MPF emite parecer contra a terceirização de atividades-fins - O Ministério Público Federal emitiu um contundente parecer acerca do Agravo em Recurso Extraordinário (ARE) 713.211, proposto pela empresa Cenibra. A companhia questiona a decisão da Justiça do Trabalho de impedir a terceirização na atividade-fim após denúncia, em 2001, do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Extração de Madeira e Lenha de Capelinha e Minas Gerais ser confirmada em fiscalização do Ministério Público. O órgão constatou que 11 empresas do grupo mantinham 3.700 trabalhadores em situação considerada ilegal pela legislação trabalhista. Mesmo com decisões do Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais (TRT-MG) e do Tribunal Superior do Trabalho (TST) favoráveis ao sindicato e ao Ministério Público, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), admitiu que o caso fosse julgado como Agravo Regimental. Em seu parecer, o MPF recomenda o não reconhecimento do recurso da empresa e manifesta-se contrário à terceirização das atividades-fins. O procurador lembrou estudo de Gabriela Delgado e Helder Amorim: ‘a terceirização na atividade-fim […] prática […] vedada pela Constituição, constituindo-se fraude ao sistema jurídico de proteção social do trabalhador, porque violadora do núcleo essencial do regime de emprego protegido pela Constituição. Fonte: Contee.