Edição
Bragança Júnior (MG4731JP) - http://blogeducapontocom.blogspot.com.br/ - Uberaba, 04 de maio de 2016 – N
º 293
PLANO TEMER PARA EDUCAÇÃO PREVÊ BÔNUS, MERITOCRACIA E ‘TECNICISMO’
O documento
que será apresentado como plano de governo do vice-presidente Michel Temer
(PMDB) para a área social sugere mudanças profundas no sistema educacional.
Entre elas, o pagamento de bônus a professores que melhorarem a qualificação
profissional e o desempenho dos alunos em testes. Batizado de “Travessia
social”, o plano de Temer prevê reforma completa no ensino médio, permitindo ao
aluno se dedicar (já nesta fase) ao ensino profissionalizante (novo “tecnicismo”?).
As medidas estão detalhadas em trecho que o jornal “Folha de São Paulo” teve
acesso. O ex-ministro Moreira Franco, um dos colaboradores da proposta diz que
“o caminho é instaurar a meritocracia”. Já o Ministro da Educação Aloísio
Mercadante (PT) criticou as ideias: “é um passo em direção ao passado e não ao
futuro”. A CNTE também condena as medidas (veja nota pública no final). Informações da Folha de São Paulo.
Ensino médio
corre o risco de privatização
– Especialistas
em educação que estudaram do documento “Uma ponte para o futuro”, divulgado
pelo partido do vice-presidente Michel Temer (PMDB), alertam para possível
reforma no setor educacional. O documento defende a desvinculação de recursos
orçamentários para as áreas de educação e saúde nas três esferas de governo
(federal, estadual e municipal). E ainda recomenda o desatrelamento das
receitas dos royalties do petróleo e do Fundo Social para o financiamento das
políticas sociais, especialmente educação. O professor Alexsandro santos,
ex-secretário municipal de Educação de Franco da Rocha (SP) aponta no programa
uma espécie de pro-Uni do ensino médio, abrindo parcerias com escolas privadas.
Um retrocesso abissal porque entrega para a iniciativa privada a formação
básica. O professor Ariovaldo de Camargo, diretor do Sindicato dos Professores
do Ensino Oficial no Estado de São Paulo (APEOESP), enfatiza a probabilidade de
serem adotadas medidas semelhantes às do estado do Rio de Janeiro, em que o
governo paga parte da mensalidade de escolas particulares. Fonte: Rede Brasil Atual
EDITORIAL
Temer dá sinais que trará projeto do PSDB para a
educação -
Os primeiros sinais emitidos pelo provável novo governo Michel Temer (PMDB)
para a educação apontam preocupação no meio escolar. Eleito pelo governo Dilma
(PT), Temer dá sinais que trará o projeto do PSDB para gestão educacional do
país. Recentemente os jornais “vazaram” parte do documento do governo Temer.
Para a educação: implantação do “bônus” salarial para professores que cumprirem
metas de formação e pelo desempenho dos alunos em testes. Seria a implantação
de uma forma “pura” de meritocracia. Também poderá ganhar ênfase na educação
pública a prioridade de profissionalização dos estudantes já no ensino médio
como forma de preparação para o trabalho. Essas medidas lembram parte do recente
governo Aécio/Anastasia (PSDB) em Minas. O bônus naquele governo era o 14º
salário obtido conforme metas individuais e coletivas, mediante avaliações
externas. Quanto à profissionalização houve vários projetos fracassados na
rede, sendo o maior deles o “reinventando o ensino médio”. No entanto, enquanto
havia um 14º salário (o menor de todas as carreiras), o governo patrocinava um
dos maiores arrochos salariais da história da educação mineira. Ou seja,
desviava o salário para o bônus. Além disso, as medidas não resultaram em “um
milímetro” de melhoria na educação estadual. Pelo contrário foi um período dos
mais tenebrosos. Anízio Bragança Júnior, artigo
do Jornal Expresso.
PMU acata decisão dos educadores e fará reajuste de 2,93% – A Prefeitura de Uberaba
decidiu acatar as duas propostas de reajuste feitas nas assembleias dos
educadores e servidores municipais. O decreto com a instrução do tíquete
diferenciado já foi publicado na terça (3). Os educadores terão direito a R$ 45
de aumento no benefício e os servidores R$ 120. Por outro lado, os educadores
serão beneficiados com um reajuste de 2,93% nos pisos e salários a partir de 1º
de abril. Para tanto, será elaborado um projeto de lei que terá de passar pelo
crivo da Câmara Municipal. Veja abaixo como vão ficar nos novos valores dos
pisos salariais dos educadores por função.
FUNÇÃO DOS
EDUCADORES
|
Piso atual -
1 cargo
|
Com reajuste
de 2,93%
|
% do piso
nacional do magistério
|
Professor –
PEB (Magistério)
|
R$ 1.133
|
R$ 1.166 (*)
|
54,6%
|
Supervisora
pedagógica
|
R$ 1.705
|
R$ 1.755
|
82,2% (**)
|
Educadora
Infantil
|
R$ 1.917
|
R$ 1.973
|
92,4%
|
(*)
Neste valor incide o Descanso Semanal Remunerado (**) Cargo com exigência de
nível superior
Diário de Classe: Solicitamos
a continuidade das negociações – O Sindemu
oficializou ao prefeito Paulo Piau a intenção de continuar com a mesa de
negociação para acompanhar o desempenho econômico do Município e (talvez ainda)
reverter parte da perda salarial deste ano. Embora a legislação atual dificulte
reajuste retroativo a janeiro, não abriremos mão dos 11,36% do piso, que
deveria ser reajustado a partir de janeiro. Inclusive resguardando o direito por
reclamação na justiça. VACINAS – Também solicitamos ao prefeito e ao
secretário de saúde uma remessa de vacinas contra a gripe para atender os
educadores. Estamos aguardando a resposta. Professor Adislau
Leite
Educadores são ‘pegos’ de surpresa em lista da Prefeitura – Educadores em contrato temporário vigente com a Prefeitura
tiveram uma triste surpresa na última terça (3). Seus nomes constavam na lista
de dispensa de “comissionados” que a Prefeitura emitiu para ‘cortar gastos’. Pior,
alguns deles têm casos de licenciamento de saúde e questionam a postura
trabalhista do Município. O Sindemu já atendeu cerca de vinte casos de
educadores que estão na lista de dispensa e vai cobrar informações do Município
sobre cada uma das situações e porque dispensar educadores que não geram
economia (outros serão contratados no lugar). Os casos individuais também serão
encaminhados ao jurídico do sindicato para análise dos direitos de cada trabalhador.
CONJUNTURA
g Governo
de Minas emite folha extra para pagar reajuste – O reajuste de 11,36% nos
salários da rede estadual será pago já no dia 7 de maio em folha extra. O
retroativo de janeiro deverá ser parcelado. No acordo, o piso total chega em
2018.
g Programa de TV do Sinpro Minas recebe 2 prêmios de
jornalismo – As duas reportagens vencedoras
abordaram a contribuição da cultura negra para a formação da identidade
brasileira e a importância de se valorizar a liberdade religiosa no país,
diante de casos de intolerância. Leia.
Por CPI da
Merenda, estudantes ocupam Assembleia – Estudantes
secundaristas ocuparam, no final da tarde de terça (3), o Plenário Juscelino
Kubitschek da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), na zona
sul da capital paulista. Eles pedem que uma comissão parlamentar de inquérito
(CPI) investigue a fraude na merenda escolar do Estado. O presidente da União
Paulista dos Estudantes Secundaristas, Emerson dos Santos, disse que os
estudantes não vão desocupar o plenário enquanto não for criada a CPI. Segundo
ele, a Polícia Militar (PM) já está no local impedindo a entrada e a saída das
pessoas. Também em protesto contra a falta de merenda nas escolas técnicas,
estudantes ampliaram o movimento de ocupação de estabelecimentos de ensino. Fonte: Agência Brasil.
NOTA
PÚBLICA
CNTE:
Política de bônus não é solução para valorizar a educação pública -
O anúncio, por meio da grande
imprensa, de que o Vice-Presidente Michel Temer, em assumindo de fato a cadeira
de Presidente da República, instauraria a meritocracia na educação básica,
privilegiando o pagamento de bônus aos professores e a certificação permanente
desses profissionais, até onde se sabe, não é uma medida que conta com a
rejeição apenas da maioria dos/as trabalhadores das escolas públicas - filiados
aos sindicatos que integram a CNTE -, mas, conforme entrevista concedida ao
jornal ‘Valor Econômico’ em 02/02/2016, o integrante da equipe de trabalho do
Vice-Presidente, o economista Ricardo Paes de Barros, também se posicionou
radicalmente contra a meritocracia diante da desigualdade do país.
À época da referida entrevista,
disse o Sr. Barros na condição de economista-chefe do Instituto Ayrton Senna e
professor no Insper: “Sem resolver a desigualdade de oportunidades, ficar
falando em meritocracia (na educação) é piada. Como discutir o mérito de quem
chegou em primeiro lugar em uma corrida onde as pessoas saíram em tempos
diferentes e a distâncias diferentes?"
A CNTE considera essa afirmação
válida tanto para os estudantes que frequentam escolas em condições
extremamente desiguais, como para os educadores que trabalham nessas mesmas
escolas e que, portanto, sofrem com os fatores que determinam as condições de
aprendizagem dos estudantes. Querer fazer com que professores e professoras das
escolas menos assistidas sejam “super-heróis”, a ponto de superar todas as
mazelas a que eles e os estudantes estão submetidos, apenas por meio de
pagamento de bônus, sem dúvida, constitui uma falácia e demonstra a falta de
compromisso do Vice-Presidente com as políticas verdadeiramente eficazes para
transpor o atual nível de qualidade da educação pública de nível básico no
Brasil.
Também é primordial levar em
consideração, em nosso debate nacional, a experiência norte-americana da
política de bônus a professores, hoje considerada falida pela educadora e
gestora pública Diane Ravitch, mentora e principal articuladora do programa
empregado pelo Governo Federal dos EUA. Além de não ter melhorado a qualidade
da educação nas escolas periféricas daquele país, a bonificação estimulou a
corrupção entre gestores, professores e estudantes, especialmente no tocante ao
desempenho forjado nos testes estudantis.
A CNTE considera que as
políticas para superar o déficit de qualidade na educação pública estejam
elencadas no Plano Nacional de Educação (PNE), o qual aponta a necessidade de
maior investimento financeiro (inclusive por meio de vinculação orçamentária) e
de recursos pedagógicos em todos os níveis, etapas e modalidades.
No caso da valorização dos
profissionais da educação, o PNE recomenda a profissionalização de todos os
educadores - professores, especialistas e funcionários de escola -, com
formação inicial e continuada específica para as áreas de atuação na escola; o
ingresso na carreira da educação exclusivamente por concurso público; o
cumprimento do piso salarial nacional do magistério e a regulamentação do piso
nacional para os demais trabalhadores escolares (à luz do art. 206, VIII da
CF); além da necessidade de constituir diretrizes nacionais para os planos de
carreira dos profissionais da educação básica, como forma de equalizar as
condições de trabalho nas escolas do país.
No tocante à equalização da
oferta escolar, ou seja, da garantia de condições universais de acesso,
permanência e aprendizagem dos estudantes à escola pública de qualidade social,
o PNE orienta a instituição do Custo Aluno Qualidade Inicial (CAQi) e, posteriormente,
a vigência permanente do Custo Aluno Qualidade (CAQ), aliado à regulamentação
do Sistema Nacional de Educação, que tem por finalidade garantir a necessária
coesão das políticas tidas como estruturantes para a educação.
Atualmente, o Ministério da
Educação mantém grupos de trabalho em âmbito do Fórum Nacional de Educação -
instância oficial que comporta a participação de membros da sociedade civil -
para estabelecer os critérios de regulamentação do PNE. E é imprescindível que
esse trabalho seja mantido em quaisquer governos.
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