Professor renomado de Uberaba analisa que o professor não tem tempo mais para estudar e faz papel de palhaço diante da modalidade instrução programada.
A história da educação mostra que o setor sempre correu à
revelia do Estado. Começou no setor privado e à margem da sociedade. Há 800
anos surgia em Bolonha na Itália a primeira universidade com o sonho de mudar o
mundo. E a partir daí foram sendo criados os outros níveis de ensino de baixo
para cima.
No Caso de Uberaba, os colégios religiosos (Marista e Nossa
Senhora das Dores) abriram a educação em Uberaba, atendendo as classes mais
ricas. Somente com Anísio Teixeira é que a educação pública passou a ter
interesse em se apoderar do ensino. E só a partir daí são abertas escolas
públicas na cidade.
Eu vivi num tempo em que as escolas somente funcionavam por
oito meses. Havia férias em julho, dezembro, janeiro e fevereiro. Havia um
tempo enorme para os professores se qualificarem e se prepararem melhor para
quando voltasse às aulas. Era um período onde se realizava vários cursos de
verão.
A necessidade de justificar 12 meses de mensalidades por ano
fez com que se aumentasse o calendário letivo. E isso foi prejudicial, pois
retirou o tempo do professor se qualificar e para produzir seu próprio
material.
Hoje está se confirmando uma desgraça chamada “instrução
programada”. Tudo já vem programado. Temos apostilas e toda uma rede estudo
numa única vertente. E por que isso? Por que o lucro é maior e, às vezes, nem
concorrência pública tem.
Mas as universidades estão apostilando também (vide a rede
Pitágoras). E neste modelo, nós professores somos “palhaços”, porque não
precisa de professor. Não precisa de biblioteca. Já vem tudo pronto e basta um
instrutor que comunique bem como responder uma prova. Estamos ensinando os
alunos a fazerem prova. É claro que é preciso de avaliações. Mas precisa ser
nacional?
O professor é um eterno estudante, mas hoje ele não tempo de
estudar, não tem tempo para se qualificar. Temos problema também com a
infra-estrutura. Aqui em Uberaba foram feitos prédios luxuosos nas
universidades, mas as escolas básicas estão numa situação muito precária.
Para a Copa do Mundo fizemos estádios, mas não construímos
escolas e hospitais. Não deviam estar juntas no mesmo edital?
(Reprodução subjetiva da palestra feita
por Décio Bragança, professor universitário da rede particular Uberaba no dia 05.07.2013, elaborada por Anízio Bragança Júnior)
Nenhum comentário:
Postar um comentário