domingo, 7 de julho de 2013

Apostilamento em todos os níveis é uma desgraça educacional, denuncia Décio Bragança




Professor renomado de Uberaba analisa que o professor não tem tempo mais para estudar e faz papel de palhaço diante da modalidade instrução programada.


A história da educação mostra que o setor sempre correu à revelia do Estado. Começou no setor privado e à margem da sociedade. Há 800 anos surgia em Bolonha na Itália a primeira universidade com o sonho de mudar o mundo. E a partir daí foram sendo criados os outros níveis de ensino de baixo para cima.

No Caso de Uberaba, os colégios religiosos (Marista e Nossa Senhora das Dores) abriram a educação em Uberaba, atendendo as classes mais ricas. Somente com Anísio Teixeira é que a educação pública passou a ter interesse em se apoderar do ensino. E só a partir daí são abertas escolas públicas na cidade.

Eu vivi num tempo em que as escolas somente funcionavam por oito meses. Havia férias em julho, dezembro, janeiro e fevereiro. Havia um tempo enorme para os professores se qualificarem e se prepararem melhor para quando voltasse às aulas. Era um período onde se realizava vários cursos de verão.

A necessidade de justificar 12 meses de mensalidades por ano fez com que se aumentasse o calendário letivo. E isso foi prejudicial, pois retirou o tempo do professor se qualificar e para produzir seu próprio material.

Hoje está se confirmando uma desgraça chamada “instrução programada”. Tudo já vem programado. Temos apostilas e toda uma rede estudo numa única vertente. E por que isso? Por que o lucro é maior e, às vezes, nem concorrência pública tem.

Mas as universidades estão apostilando também (vide a rede Pitágoras). E neste modelo, nós professores somos “palhaços”, porque não precisa de professor. Não precisa de biblioteca. Já vem tudo pronto e basta um instrutor que comunique bem como responder uma prova. Estamos ensinando os alunos a fazerem prova. É claro que é preciso de avaliações. Mas precisa ser nacional?

O professor é um eterno estudante, mas hoje ele não tempo de estudar, não tem tempo para se qualificar. Temos problema também com a infra-estrutura. Aqui em Uberaba foram feitos prédios luxuosos nas universidades, mas as escolas básicas estão numa situação muito precária.

Para a Copa do Mundo fizemos estádios, mas não construímos escolas e hospitais. Não deviam estar juntas no mesmo edital?



(Reprodução subjetiva da palestra feita por Décio Bragança, professor universitário da rede particular Uberaba no dia 05.07.2013, elaborada por Anízio Bragança Júnior)

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