O presidente da Fitee aponta que na fase atual das escolas privadas, sua administração está sendo ligada às bolsas de valores e seus objetivos de lucro imediato.
O setor privado significa investimento privado. Ou seja,
onde entre dinheiro tem que ter um resultado maior que o inicial. Isso
diferencia o setor público e privado da educação. O primeiro tem como objetivo
principal o aprendizado, enquanto o segundo tem como primeiro objetivo ter
lucro.
Durante a história do setor privado de ensino, podemos
identificar três fases distintas. Na primeira, as escolas eram familiares ou de
caráter religioso, com muita identidade com o fazer educacional. Mas na medida em
que cresceram essas unidades, elas acabaram numa segunda fase se tornando redes
(Marista, Cnec, Salesianos, etc), mas ainda com forte identidade com o fazer
educacional.
Hoje as unidades de ensino entraram numa terceira fase,
sendo que o lucro recebido pelo setor passou a ser direcionado para a bolsa de
valores. O exemplo da recente fusão Ahanguera e Kroton, criando o maior grupo
privado de educação do mundo, ilustra bem esse período.
O pior problema dessa fase é que o capital não está preso ao
fazer educacional. Obtém-se lucro por simples movimentação financeira. Além
disso, os professores não têm como quem negociar salários, plano pedagógico ou
condições de trabalho. Quem está do outro lado? A empresa está diluída na bolsa
de valores, só aparecem prepostos para negociar que são totalmente alheios à
questão educacional.
Essa realidade reforça a forte e antiga bandeira do Sinpro
Minas: é preciso regulamentar o setor privado de ensino. Essa luta é contra a
vontade das empresas que buscam a maior desregulamentação possível. E que, em
certa forma, foram atendidas nas mudanças profundas ocorrida nas últimas
décadas.
Nós temos a educação como direito público, e por isso. Defendemos
a regulamentação do setor pelo poder público. Regulamentar é colocar os
interesses públicos. Vamos dar um exemplo: o transporte nas cidades é privado,
mas é o Estado que determina tudo: a forma como vai funcionar, o preço máximo,
onde serão os pontos, quais linhas serão aplicadas.
A educação privada está largada. Regulamentar é algo
concreto. É criar critérios de investimento, é apresentar planilhas de até onde
se permite o lucro, é determinar quais cursos devem abrir. É criar critérios
públicos de admissão e demissão, pois não se pode demitir um professor só
porque ele questiona o modo pedagógico da escola.
Apesar de não ter qualquer regulamentação, hoje há uma
quantidade muito grande de recursos públicos sendo destinados para as escolas privadas.
É um contrassenso. Só no sistema Anhanguera, 40% dos alunos são mantidos com alunos
do Prouni, sem qualquer critério, por exemplo, no valor da mensalidade.
Precisamos mudar essa realidade, mas as mudanças não são
feitas por alguns. É preciso juntar e convencer as pessoas e este é um papel
dos sindicatos.
(Reprodução subjetiva da palestra feita
por Edson de Paula Lima, Presidente da Federação Interestadual
Trabalhadores dos Estabelecimentos de Ensino de Minas Gerais e Espírito Santo, no
dia 05.07.2013, elaborada por Anízio Bragança Júnior)
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